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sexta-feira, 29 de julho de 2011

CANTO DE SOBREVIVÊNCIA



Duas propriedades rurais particulares no norte da Bahia se converteram em reservas de proteção. Nelas, reside a ave ameaçada de extinção olho-de-fogo-rendado, que serviu de espécie-bandeira para criação das unidades.
De olhos cor de fogo, dorso branco (só os machos) e canto suave, o pássaro Pyriglena atra vive em uma estreita faixa ao norte do rio Paraguaçu, na Bahia e em Sergipe, em remanescentes de mata atlântica. Ameaçado de extinção, o olho-de-fogo-rendado, como é popularmente conhecido o pássaro, acaba de ser presenteado com duas unidades de conservação, criadas em prol de sua sobrevivência na mata.
A iniciativa é fruto de uma longa história. Lá se vão 17 anos de contato com a espécie, dos quais oito foram dedicados ao estudo da ave e seu status de conservação. À frente da empreitada estão pesquisadores das organizações não-governamentais Instituto Amuirandê e Associação Baiana para Conservação de Recursos Naturais , que também atuam na sensibilização da população local e no estímulo à criação de reservas em propriedades particulares.
Pequenos proprietários de terra, como o baiano Eliomar Montenegro, já se mostravam dispostos a preservar sua área de mata. Há 11 anos, ele adquiriu um pedacinho de terra em São Sebastião do Passé (Bahia) com intenção de ajudar a manter a floresta em pé. Na época, nem imaginava que o olho-de-fogo-rendado residia ali.
Agora esses trechos só poderão ser utilizados para o desenvolvimento de pesquisas científicas e atividades turísticas e educacionais
Depois de muitos esforços, em maio deste ano, a propriedade de Montenegro e mais uma no entorno foram decretadas Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs) pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente.
Na prática, isso significa que agora esses trechos da mata – mantidos em domínio privado – só poderão ser utilizados para o desenvolvimento de pesquisas científicas e atividades turísticas e educacionais.
A reserva de Montenegro, batizada justamente de olho-de-fogo-rendado, abrange uma área de 103 hectares. A outra tem 13 hectares e recebeu o nome RPPN Curió, em homenagem a outra ave da região.

PASSARO ENCURRALADO
O olho-de-fogo-rendado tem um comportamento incomum: segue grupos de formigas-de-correição – espécies carnívoras que podem formar frentes de 15 metros de largura. O tapete de insetos se estende por centenas de metros na mata e a ave tira proveito dos pequenos animais que pulam e tentam escapar do ataque, como gafanhotos, besouros e grilos.
Segundo o biólogo Sidnei Sampaio, coordenador e executor do projeto para preservação da ave, de cada dez observações de Pyriglena atra, seis a sete são em concomitância com as formigas. Como há poucas colônias de formigas ativas por quilômetro quadrado, os pássaros necessitam de grandes extensões de floresta para sobreviver. Com a progressiva degradação da mata, portanto, correm risco de desaparecer.
“A pyriglena é uma espécie-bandeira, carismática e ameaçada de extinção, por isso serviu de mote para a criação das RPPNs”, diz o biólogo. “Mas uma espécie não vive sozinha e as unidades irão preservar outras espécies que também dependem dessas áreas, assim como a interação entre elas.”

EM NOME DA FLORESTA
“Quando vim de Camaçari (Bahia) na década de 1970, ainda tinha muita área de mata e era muito agradável andar por aqui”, conta Montenegro, proprietário de uma das reservas. Ao presenciar as mudanças drásticas que ocorreram nas paisagens da mata atlântica – que abrange entre 11% e 16% de sua distribuição original –, o baiano sentiu pulsar sua veia ambientalista e decidiu tomar partido em nome da floresta.
“Muitos dizem que sou louco por manter a mata inteira”, afirma. “A maioria quer utilizar todo e qualquer metro de terra para plantar ou criar gado.” Mas mesmo para quem quer agir em defesa da mata não é fácil. Para formalizar uma RPPN, é preciso de documentação específica e georreferenciamento da propriedade, o que envolve custos. No caso de Montenegro, quem arcou com a parte financeira do trâmite foi o programa Aliança para Conservação da Mata Atlântica, da ONG Conservação Internacional.
Montenegro faz planos para tornar sua terra rentável com atividades sustentáveis, como educação ambiental e criação de um sistema agroflorestal em parte dos 47 hectares de sua propriedade que não viraram RPPN. “Enquanto a preservação do ambiente não gerar atividades econômicas, vamos ficar só no romantismo”, arremata.

OUÇA O CANTO DO PÁSSARO EM:
http://soundcloud.com/cienciahoje/cantopassaroolhodefogorendado

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PORQUE SENTIMOS CALAFRIOS AO OUVIR DETERMINADOS SONS AGUDOS ?


Esta é uma reação instintiva para protegermos nossa audição. A cóclea (parte interna do ouvido) tem uma membrana que vibra de acordo com as frequências sonoras que ali chegam.
A parte mais próxima ao exterior está ligada à audição de sons agudos; a região mediana é responsável pela audição de sons de frequência média; e a porção mais final, por sons graves.
As células que compõem a parte inicial são mais delicadas e frágeis – razão por que, ao envelhecermos, perdemos a capacidade de ouvir sons agudos. Assim, quando frequências muito agudas chegam a essa parte da membrana, as células podem ser danificadas, pois, quanto mais alta a frequência, mais energia tem seu movimento ondulatório.
Quando frequências muito agudas chegam à parte inicial da membrana da cóclea, as células podem ser danificadas, pois, quanto mais alta a frequência, mais energia tem seu movimento ondulatório
Isso, em parte, explica nossa aversão a determinados sons agudos, mas não a todos. Afinal, geralmente não sentimos calafrios ou uma sensação ruim ao ouvirmos uma música com notas agudas.
Aí podemos acrescentar outro fator. Uma nota de violão tem um número limitado e pequeno de frequências – formando um som mais ‘limpo’. Já no espectro de som proveniente de unhas arranhando um quadro-negro – ou do atrito entre isopores ou entre duas bexigas de ar –, há um número infinito delas.
Assim, as células vibram de acordo com muitas frequências e aquelas presentes na parte inicial da cóclea, por serem mais frágeis, são lesadas com maior facilidade. Daí a sensação de aversão a esses sons agudos e ‘crus’.